Dica n.º 2 - Sexta, 04.08.2000
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Sintaxe - Crase – Em princípio, crase é a fusão de duas vogais iguais. Mas quando isso acontece? Nos textos que você lê ou escreve, a crase ocorre na fusão da preposiçãoa” com:
• o artigo feminino “a” ® a + a: “Entreguei o documento à diretora”;
• o pronome “a” (equivalente a “aquela”) ® a + a: “Prefiro esta fita à que vimos ontem”.
• a primeira vogal dos pronomes demonstrativos aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo ® àquele (s), àquela (s), àquilo:    “Somente entregarei a bola àquele garoto”.
Essa fusão não fica aparente na pronúncia, mas, sim, na escrita, pois se assinala a crase com acento grave (`), como se vê nos exemplos acima. Portanto, a + a = à.
Lembre-se: do fenômeno da crase participam, na maior parte do casos, uma preposição e um
artigo ou pronome feminino. Isso traz algumas conseqüências, como:
1. Só ocorre crase diante de nomes femininos: “Dei o lápis à Joaninha” ou “Refiro-me à carta de ontem”. (Única exceção: a + aquele = àquele, porque neste caso não houve fusão da preposição com artigo, mas com a primeira vogal de pronome demonstrativo.)
2. Só ocorre crase diante de nomes de Estados se eles costumam ser usados com artigo: “Viajarei à Bahia” ou “Vamos à Paraíba nas férias” , porque dizemos : “A Bahia fica na região Nordeste” e “A Paraíba tem lindas praias”. Mas não dizemos: “Viajaremos Santa Catarina” nem “Vamos Rondônia nas férias”, porque esses nomes são usados sem artigo: “Santa Catarina é Estado sulista” e “Rondônia é bastante quente”.
3. Só ocorre crase diante de nomes de cidades se eles forem precedidos por qualificativos, como bela, vibrante, pitoresca, etc.: “Refiro-me à bela Londrina”, mas “Refiro-me a Londrina”; “Viajou à vibrante São Paulo”, mas “Viajou a São Paulo”. Observe que este “a” é preposição = para. Aí surge uma questão: por que houve crase em “Viajou à vibrante São Paulo”, se a crase é a fusão da preposição “a” com o artigo feminino “a” e São Paulo é nome masculino? Por quê, hem? Elementar, meu caro internauta: porque aí está subentendida a palavra cidade. É por isso que poderíamos, sem problema algum, dizer: “Vamos à bela São Paulo”, “Dirigimo-nos à linda Lençóis”, etc.
4. Não ocorre crase diante de pronomes pessoais (retos ou oblíquos): “Dê a ela este livro”, não “Dê ela este livro”; “Dê a mim o que me cabe”, mas não “Dê mim o que me cabe”, porque esses pronomes não são usados acompanhados de artigo. Você já viu que para haver crase tem de haver preposição mais artigo. Se a palavra não é usada acompanhada de artigo, nada de crase. 
5. Não ocorre crase diante de numerais: “Ponte a 50 metros”, mas não “Ponte 50 metros”; “Daqui a 20 anos”, mas não “Daqui vinte anos”. Isto pela mesma razão do caso 4, ou seja, os numerais não são acompanhados de artigo, já que não se diz “o dois”, “os 50”. Se alguém disser, estará subentendendo alguma palavra, como “o dois (o número dois)” e “os 50 (os anos 50)”. Nesses casos, o artigo estará acompanhando aqueles nomes (número, anos) e não os numerais. 

Leia também em:
- Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida.
- Gramática metódica da língua portuguesa, do mesmo autor.
- Gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha.
- Português para o segundo grau, de Domingos Paschoal Cegalla.
- Português ao alcance de todos, de Nélson Custódio de Oliveira.

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