Dica n.º 11 - Sexta, 06.10.2000
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O mesmo

"João foi promovido ontem. O mesmo será homenageado na próxima semana."

É comum ler-se construções desse tipo, onde o vocábulo "mesmo" é empregado dessa forma inadequada. E por que se deve evitar esse tipo de uso? Porque demonstrativos como tal, mesmo, próprio servem para identificar alguma coisa, ou seja, para indicar que se trata de alguém ou algo de quem ou do que já se falou ou já se sabe distinguindo-o de outro alguém ou outra coisa: "Li XYZ. Não me agradou tal livro", "Essa é a mesma salada de ontem" e "Dá na mesma (coisa)". No primeiro caso, tal indica que o livro é aquele e não, outro. No segundo, mesma evidencia tratar-se de determinada salada em oposição a outras e, no terceiro, que se está falando de certa coisa e não, de outras. Portanto, é incorreto dizer-se: "João foi promovido ontem. O será homenageado na próxima semana", pois neste caso não se está distinguindo João de nenhum outro João. Essa construção pode ser refeita, de maneira mais acertada, assim: "João foi promovido ontem. Ele será homenageado..." ou "João foi promovido ontem e será homenageado..." ou ainda: "João, que foi promovido ontem, será homenageado...". Há muitos recursos para se fugir da incorreção ou da pobreza no uso da linguagem.

Mesmo e mesma, próprio e própria e seus plurais são ainda empregados para reforço de expressão, no que mantêm o princípio que norteia o uso descrito acima. Assim, "eu mesma fiz o bolo" (eu e ninguém mais), "nós mesmos preferimos vir para receber o prêmio" (nós, não outros) e "o próprio chefe redigiu o memorando" (deveria ser outra pessoa, mas foi ele).

Veja, no Glossário Gramatical, o verbete pronome demonstrativo.


Leia também em:
Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida.

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