Dica n.º 35 - Sexta, 23.03.2001
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Uniformidade de tratamento

A comunicação oral ou escrita no âmbito da norma culta requer uniformidade de tratamento e concordância verbal em função da pessoa do discurso considerada. Assim, se a pessoa escolhida for a segunda do singular, os pronomes e o verbo devem estar igualmente nela. Exemplo: "Tu nunca te esqueces de visitar tua terra natal, não é?". Se a pessoa for a terceira, é preciso converter os termos para ela: "Você nunca se esquece de visitar sua terra natal, não é?". Observe que "você", embora se refira à pessoa com quem se fala (segunda), é pronome de tratamento e, como tal, pertence à terceira pessoa gramatical e para ela leva o verbo. No caso da primeira do plural, a mesma coisa: "Nós nunca nos esquecemos de visitar nossa terra natal, não é?". Nestes exemplos, o possessivo foi intercambiado apenas para servir de mais um elemento de concordância, pois a "terra natal" poderia ser a de quem quer que fosse. Entretanto, a primeira frase, por exemplo, não poderia ser construída como "Tu nunca te esqueces de visitar sua terra natal, não é?", se "terra natal" fosse a do interlocutor. Lembre-se de que pronomes de tratamento como Vossa Senhoria, Vossa Excelência e outros, apesar do "vossa", situam-se na terceira pessoa gramatical e, conseqüentemente, para ela levam o verbo: "V. Ex.ª é muito previdente". É preciso estar atento para a concordância para não se cometerem erros como "Não te falei que você iria conseguir?" e "Foi nesse momento que eu caí em si". A primeira frase ainda é tolerável na linguagem coloquial, mas a segunda é imperdoável se quem a pronuncia passou pela escola.


Leia mais em:
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 316.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, p. 282.

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