Dica n.º 37 - Sexta, 06.04.2001
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Figuras de pensamento - Antítese e paradoxo

As figuras de pensamento são, antes de qualquer coisa, figuras de linguagem. Resultam do desacordo entre a verdadeira intenção de comunicar e o ato de fala. Dito em outras palavras, consistem em "desvios" que funcionam como véus a ocultar um estado de consciência. Há vários tipos de figuras de pensamento, como o eufemismo, a ironia, a litote, a prosopopéia, a antítese e o paradoxo. Vamos tratar destas duas últimas.

A antítese consiste na exposição, no texto, de idéias contrárias. Essa oposição pode ocorrer entre palavras, frases ou orações. Assim, temos antítese em "Ele não odeia, ama; não chora, ri.". A página Com Jesus ,de Emmanuel, contém várias antíteses, como "Não te omitas. Ajuda./Não condenes. Ampara./Não te ofendas. Esquece./Não te queixes. Caminha./Não depredes. Constrói./Não critiques. Instrui./Não pares. Serve sempre./". A antítese foi recurso característico da literatura barroca. Este trecho de Vieira, extraído do Sermão da Sexagésima, dá-nos idéia de sua utilização: "... mas esse espírito tinha impulsos para os levar, não tinha regresso para os trazer; porque sair para tornar melhor é não sair". Na antítese, o contraste confere às palavras opostas ênfase que não teriam se apresentadas isoladamente.

O paradoxo é figura em que há contradição de idéias. Em outras palavras, o paradoxo apresenta opinião contrária ao senso comum, mas que pode conter verdade: "Dor - tu és um prazer! (Castro Alves). Neste magnífico soneto de Camões, sucedem-se os paradoxos:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.

É um querer mais que bem-querer;
é solitário andar por entre a gente;
é um não contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade,
é servir quem vence o vencedor,
é ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode o seu favor
nos mortais corações conformidade,
sendo a si tão contrário o mesmo Amor?".


Lindo, não? E cheio de paradoxos. Como podemos ver, na antítese, apresentam-se idéias contrárias em oposição. No paradoxo, as idéias aparentam ser contraditórias, mas podem ter explicação que transcende os limites da expressão verbal.



Leia mais em:
Dicionário de figuras de linguagem, de Sebastião Cherubim.
Dicionário de termos literários, de Massaud Moisés.

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