Dica n.º 90 - Sexta, 02.08.2002
www.paulohernandes.pro.br
 
 
 
 
 

Feminino de ídolo

Às vezes, as pessoas têm dúvida ao empregar a palavra ídolo com referência a nome feminino. Dizer "Chico Xavier é meu ídolo" é fácil, já que "ídolo" é do gênero masculino. O problema surge quando tal vocábulo se relaciona com nome feminino, como "Chiquinha Gonzaga". Como ficaria a construção? "Chiquinha Gonzaga" é minha ídola"? Não é nada disso. Na verdade, o substantivo "ídolo" pertence a um só gênero, o masculino. Assim, como não tem forma feminina, você dirá: "Milton Nascimento é meu ídolo" ou "Sandy é meu ídolo". Esse fato não é de surpreender, pois vários substantivos existem que, como "ídolo", só são empregados em um gênero e podem relacionar-se indistintamente a nomes masculinos e femininos. A Nomenclatura Gramatical Brasileira chama-os "sobrecomuns", dos quais são exemplos os masculinos alvo, animal, cônjuge, indivíduo e os femininos criança, pessoa, testemunha, vítima e vários outros, como nos exemplos abaixo:

·
O conferencista e sua esposa foram alvo de todas as atenções.
· Esta leoa é o único animal do zoológico que ainda não foi vacinado.
· Meu cônjuge chama-se Norma.
· As mulheres são os mais sensíveis indivíduos da espécie humana.
· Celsinho é criança muito esperta.
· João é pessoa imensamente estimada.
· Euclides, a testemunha, já chegou para depor.
· O nome da vítima é Raimundo.

Em conseqüência da evolução do grupo social, substantivos sobrecomuns podem vir a apresentar o outro gênero. Assim, em razão do incremento da presença feminina em cargos de chefia, o vocábulo chefe, que tradicionalmente possuía apenas uma forma (comum de dois gêneros: o chefe, a chefe), passou a admitir também a feminina morfologicamente explicitada – chefa. O mesmo ocorreu com presidente, parente e sujeito, cujas formas do feminino já estão dicionarizadas. Em breve, isso poderá suceder com gerente, é esperar para ver...

Leia mais em:
Dicionário gramatical da língua portuguesa, de Celso Pedro Luft.
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 203.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, p. 189.

Agora, verifique se você assimilou o conteúdo apresentado clicando aqui.