Dica n.º 103 - Sexta, 30.05.2003
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O mais possível

O uso dessa expressão costuma confundir as pessoas, principalmente quando acompanhada de nomes no plural. Vamos esclarecer, pois. Seja a oração “Tais títulos são os mais rentáveis possíveis”. Se nela está inserida aquela expressão – o mais possível = o mais que é possível – algo está errado, não é? E está mesmo porque se trata da locução adverbial “o mais possível”, que, por sua natureza, é invariável. Assim, devemos reescrever a oração como “Tais títulos são o mais rentáveis possível” ou então “Tais títulos são rentáveis o mais (que é) possível”. Repare que a nossa locução modifica o adjetivo “rentáveis” e não, o substantivo “títulos”. Por ser adverbial, o “o” e o “possível” não se flexionam e é por isso que não se pode construir, como acima, “Tais títulos são os mais rentáveis possíveis”. Nada disso. Em qualquer construção em que essa locução entre, ela fica invariável: o mais possível. Outros exemplos:
• “Apresentaram desculpas o mais esfarrapadas possível” ou “Apresentaram desculpas esfarrapadas o mais possível”;
• “As reações ao medicamento foram o mais variadas possível” ou “As reações ao medicamento foram variadas o mais possível”;
• “Ofereceram objeções o mais estapafúrdias possível” ou “Ofereceram objeções estapafúrdias o mais possível”.

Há alternativas a essas construções, como “Apresentaram desculpas o mais possível esfarrapadas” ou “Apresentaram desculpas quanto possível esfarrapadas” ou ainda “Apresentaram desculpas esfarrapadas quanto possível”.

Essa é a posição defendida por Napoleão Mendes de Almeida. Há autores, porém, que dela divergem, como Luiz A. Sacconi e José De Nicola & Ernani Terra, os quais é conveniente também consultar. (Veja abaixo.) Conhecendo diferentes concepções, o estudante definirá sua preferência, que, qualquer que seja, estará respaldada por autor de renome.


Leia mais em:
Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, verbetes “O mais possível” e “Possível”.
Não erre mais!, de Luiz Antonio Sacconi, p. 207.
1001 dúvidas de português, de José De Nicola e Ernani Terra, p. 159 (O melhor possível).

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