Dica n.º 131 - Sexta, 30.09.2005
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Anacoluto irritante

Entre os modismos lingüísticos de mau gosto que assolam o Brasil de nossos dias encontra-se desnecessário e irritante anacoluto, que consiste na colocação redundante de pronome pessoal reto como segundo sujeito de verbo. É o caso de “Nossa empresa, ela encontra-se em franca expansão”, “O povo brasileiro, ele precisa escolher melhor seus representantes” e “Meu cachorrinho, ele não pára de morder meu pé”.

A crítica a esse uso decorre da inutilidade do emprego pleonástico do pronome reto, uma vez que, como acabamos de ver nos exemplos acima, os verbos já têm o respectivo sujeito: “nossa empresa”, sujeito de encontra-se; “o povo brasileiro”, sujeito de precisa escolher; “meu cachorrinho”, sujeito de não pára. Em razão de tal anomalia, a estrutura sintática é quebrada de forma não-intencional, despida, portanto, de qualquer propósito estético.

É verdade que truncamentos sintáticos ocorrem com freqüência na linguagem oral e, de forma elegante, na escrita. Mas neste caso falamos de quem sabe o que faz e dá “show” nisso. O que agora abordamos, porém, está-se transformando em praga sem proveito. Poderíamos chamá-la de “anacoluto vicioso”. Fiquemos, pois, atentos para a boa e correta expressão verbal.

Para resumir: o anacoluto de que tratamos neste texto é, no máximo, tolerável na linguagem oral, mas não deve ser utilizado na escrita.


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