Dica n.º 137 - Sexta, 31.03.2006
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Emprego de pronomes de tratamento

Freqüentemente, o uso de pronomes de tratamento é motivo de dúvidas e incorreções. Vamos a alguns esclarecimentos:

As fórmulas de tratamento tornam-se pronomes quando antecedidas de sua ou vossa. Assim, as fórmulas excelência e reverendíssima convertem-se em pronomes de tratamento uma vez precedidas daqueles possessivos, como em “sua excelência” e “Vossa Reverendíssima”.

Note que quando nos estamos referindo a pessoa empregamos a expressão formada por sua. Quando nos dirigimos a ela, utilizamos vossa. Exemplos: “Já levei a reivindicação a sua excelência” (falamos dele) e “Vossa Excelência precisa ler os jornais de hoje” (falamos com ele).

Às vezes, para demonstrar a máxima consideração e respeito, utilizamos forma indireta de tratamento e empregamos pronomes acompanhados de sua em vez do apropriado vossa, com em “Sua excelência poderia receber o embaixador?” e “Sua excelência, o senhor ministro, concorda com a divulgação?”, no lugar de “Vossa Excelência poderia...” e “Vossa excelência concorda...”. Esta situação é parecida com certas falas do tipo “O papai quer que você vá dormir agora”, em lugar de “Eu quero que você vá dormir agora”.

Não se esqueça de que os pronomes de tratamento, apesar de serem da segunda pessoa gramatical (referem-se à pessoa com quem se fala), são considerados de terceira pessoa. Por isso, levam o verbo e outros pronomes (oblíquos e possessivos) para a terceira pessoa, como em “Vossa Excelência esqueceu-se do compromisso”, “Sua agenda permite a Vossa Reverendíssima encontrar-se com o prefeito” e “Você foi lá?”.

O professor Napoleão Mendes de Almeida escreve os pronomes de tratamento em que usamos sua com iniciais minúsculas (exceto, é claro, se “sua” iniciar frase, caso em que terá inicial maiúscula) e os em que aparece vossa, com as duas maiúsculas, como se pode ver nos exemplos acima. Já Celso Cunha grafa tanto uma como a outra forma com as duas maiúsculas.

Quase todos os pronomes de tratamento possuem abreviaturas, isto é, formas reduzidas previstas na norma ortográfica. Exemplos são V. S.ª (Vossa Senhoria), V. Ex.ª (Vossa Excelência), V. Rev. (Vossa Reverendíssima), etc. Repare nos elementos sobrescritos.

Por fim, lembramos que na correspondência a invocação a pessoas que recebem esse tipo de tratamento é quase sempre iniciada por adjetivos no superlativo, como “excelentíssimo”, “ilustríssimo” ou “reverendíssimo”, a exemplo de “Excelentíssimo Senhor (Ex.  Sr. ) Prefeito”, “Ilustríssimo Senhor (Il.  Sr.) Coronel” e “Reverendíssimo Senhor (Rev.  Sr.) Cônego”.


Leia mais em:
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 315, inclusive as notas.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, pp. 282-289.

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