Você sabia? n.º 10 - Sexta, 29.09.2000
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  Você sabia... que o traço afetivo e sentimental do brasileiro é, indiretamente, herança romana? Pois é. Essa característica, herdada diretamente dos portugueses, é traço comum dos povos latinos e manifesta-se também na língua. Assim, várias palavras nossas originaram-se de diminutivos do latim lusitânico - majoritariamente do latim popular - que revelavam essa afetividade. Por exemplo: no latim culto, havia a forma apis (abelha), mas o povo usava o diminutivo apicula (abelhinha), que, após várias transformações fonéticas, resultou no português "abelha". O mesmo aconteceu com genu, empregado pelo "povão" na forma diminutiva - genuculu -, a qual, depois de várias alterações, resultou na atual "joelho". Mais um caso: no latim literário, empregava-se auris (orelha), mas a língua popular preferia usar a forma diminutiva auricula, ou seja, orelhinha. Foi essa que chegou ao português atual, após várias transformações, como "orelha".

Interessante notar que a afetividade ou jocosidade manifestava-se também em outras palavras não necessariamente na forma diminutiva: enquanto o latim erudito empregava equus (cavalo), a língua popular usava caballus, que significava cavalo ruim, pangaré. Pois foi esta última que chegou ao português. Contudo, o feminino culto (equa) chegou normalmente até nós, depois de ligeira transformação, como "égua".

As formas cultas marcaram presença no português através de várias palavras que usamos hoje em dia, como "apiário" e "apicultura" (de apis); "genuflexão" (de genu); "eqüino", "eqüestre" e "equitação" (de equus) e assim por diante.

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