Você sabia? n.º 22 - Sexta, 26.01.2001
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Você sabia... quais são as épocas em que se divide a história da língua portuguesa? De acordo com o famoso filólogo José Leite de Vasconcellos, pode-se considerar três épocas na história da nossa língua:
1. Pré-histórica - Vai das origens da língua, que remontam ao tempo do latim lusitânico, até o século IX, quando surgem os primeiros documentos latino-portugueses. O período compreendido entre o século V e o IX corresponde ao do romance ou romanço lusitânico, modalidade de língua que se não era mais latim ainda não era português.
2. Proto-histórica - Principia no século IX e vai até o XII. Por essa época, encontram-se textos em latim - a língua ainda reconhecida como culta - nos quais já se pinçam palavras do dialeto galaico-português, precursor do português. Isso demonstra que a língua já existia, mas era apenas falada.
3. Histórica - Estende-se do século XII até os nossos dias. Com a independência política de Portugal em relação ao reino de Castela, atual Espanha (1143), o dialeto galaico-português foi aos poucos se desmembrando em duas línguas distintas: o português e o galego. Este é falado ainda hoje na Galícia, província do noroeste espanhol. A época histórica, na qual surgem documentos inteiramente redigidos em português, divide-se em duas fases:

· Arcaica - Do século XII ao XVI - O documento mais antigo até hoje encontrado em língua portuguesa é a Cantiga da Ribeirinha, de 1189. ( Veja a respeito o Você sabia? n.º 13.) Em 1290, o rei D. Dinis torna obrigatório no reino o uso da língua portuguesa.

· Moderna - Do século XVI em diante. Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publica a primeira gramática da língua portuguesa, a "Gramática da Lingoagem Portugueza". Neste período, inicia-se processo de enriquecimento do idioma, por influência do Renascimento, coroado com a publicação em 1572 de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, considerado o maior monumento literário da língua portuguesa.

No âmbito particular da Ortografia, três são os períodos:
1. Fonético - Começa com os primeiros documentos redigidos em português e vai até o século XVI. A escrita era eminentemente fonética, apesar de alguma flutuação na grafia das palavras.
2. Pseudo-etimológico - Sob influência do Renascimento, a grafia das palavras - tanto as que entram na língua como as já existentes - procura aproximar-se da latina. É a época das consoantes geminadas (ll, bb), das letras não-pronunciadas, etc.
3. Simplificado - Inicia-se com a publicação por Gonçalves Viana, em 1904, em Portugal, da "Ortografia Nacional". A partir daí, tem-se dois sistemas simplificados: o lusitano e o luso-brasileiro. Depois de várias marchas e contramarchas, o governo brasileiro tornou oficial no País o acordo celebrado em 1931 entre a Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa, complementado pelo Decreto-lei n.º 292, de 23 de fevereiro de 1938. Poucos anos depois, em 1943, novo acordo foi firmado entre Brasil e Portugal, que vigora até hoje. A norma ortográfica brasileira passou ainda por pequena mudança nas regras de acentuação, determinada pela Lei n.º 5.765, de 18 de dezembro de 1971.

Leia mais em:
Gramática histórica, de Dolores Garcia Carvalho e Manoel Nascimento.
Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho.
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida.
Novíssima gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla.

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