Você sabia... que o sentido das palavras pode "contaminar-se"
pelo significado de seus morfemas constitutivos
com o passar do tempo? É o caso dos elementos gregos
de composição tele e auto, por
exemplo.
De "tele", que originalmente significa "longe",
formaram-se, entre outros, telefone, telecomando,
telegrafia, telepatia e televisão.
Acontece que, no século XX, o processo de emissão
e recepção de imagens a distância tornou-se
extremamente popular e a palavra que o designa - televisão
- também. Em razão disso, o elemento "tele",
que a integra, acabou impregnando-se em larga medida desse
sentido e quase fez obscurecer o significado original (a idéia
de "longe"). Por isso, hoje em dia, "tele"
tem, popularmente, muito mais a ver com a idéia de
televisão do que com a de "longe". Por esse
princípio, formaram-se telespectador, televizinho,
telenovela, teleatriz, telecine.
Auto, por sua vez, com o significado de "próprio,
por si próprio", deu origem a autocontrole,
autoconfiança, automedicação,
autismo, autocrítica e automóvel.
Como os carros automotores tornaram-se cada vez mais populares
na sociedade moderna, o elemento "auto", componente
de automóvel, passou a concentrar em si o significado
do vocábulo inteiro e até conseguiu função
autônoma ao assumir a categoria gramatical de substantivo,
como em "O auto desgovernou-se". Dessa forma,
surgiram os compostos autódromo, auto-estrada,
autopista, autopeça, autorama,
auto-escola, em que o elemento "auto" não
mais significa "próprio", mas automóvel.
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