Você sabia? n.º 27 - Sexta, 06.04.2001
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Você sabia... que o sentido das palavras pode "contaminar-se" pelo significado de seus morfemas constitutivos com o passar do tempo? É o caso dos elementos gregos de composição tele e auto, por exemplo.

De "tele", que originalmente significa "longe", formaram-se, entre outros, telefone, telecomando, telegrafia, telepatia e televisão. Acontece que, no século XX, o processo de emissão e recepção de imagens a distância tornou-se extremamente popular e a palavra que o designa - televisão - também. Em razão disso, o elemento "tele", que a integra, acabou impregnando-se em larga medida desse sentido e quase fez obscurecer o significado original (a idéia de "longe"). Por isso, hoje em dia, "tele" tem, popularmente, muito mais a ver com a idéia de televisão do que com a de "longe". Por esse princípio, formaram-se telespectador, televizinho, telenovela, teleatriz, telecine.

Auto, por sua vez, com o significado de "próprio, por si próprio", deu origem a autocontrole, autoconfiança, automedicação, autismo, autocrítica e automóvel. Como os carros automotores tornaram-se cada vez mais populares na sociedade moderna, o elemento "auto", componente de automóvel, passou a concentrar em si o significado do vocábulo inteiro e até conseguiu função autônoma ao assumir a categoria gramatical de substantivo, como em "O auto desgovernou-se". Dessa forma, surgiram os compostos autódromo, auto-estrada, autopista, autopeça, autorama, auto-escola, em que o elemento "auto" não mais significa "próprio", mas automóvel.


Leia mais em:
A Semântica, de Pierre Guiraud.

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