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Você sabia... que um escrito de 1824 ou 1825, produzido pelo
poeta e diplomata Domingos Borges de Barros, barão e depois
visconde de Pedra Branca, é o primeiro documento em que se
estudam os brasileirismos? Pedra Branca servia na
embaixada do Brasil em Paris e produziu o texto em francês
como colaboração à obra "Introduction
à l'atlas ethnographique du globe", em preparação
na época por Adrien Balbi. Trata-se de lista de vocábulos
de origem indígena, africana ou mesmo portuguesa com significado
aqui modificado, em uso no Brasil daqueles tempos (e, como se vê,
a maior parte empregada ainda hoje) precedida de considerações
teóricas . Dela constam, por exemplo, babados, balaio,
batuque, boquinha, caçula, cangote, capeta, capim, capoeira,
chácara, chacota, charquear, cipoada, cochilar, faceira,
farofa, fuxicar, iaiá, mandinga, mascate, mocotó,
molambo, moquear, munheca, muxiba, muxoxo, nanica, quindins, quitanda,
quitutes, roça, saracotear, senzala, sótão,
tapera, trapiche, xingar e outros.
O autor segmenta o vocabulário descrito em dois grupos:
o dos nomes portugueses que mudaram de sentido no Brasil e os desconhecidos
em Portugal. No primeiro grupo, ao lado dos brasileirismos, coloca,
em duas colunas, o significado lusitânico e o brasileiro.
No segundo, apenas sinônimos ou o significado de cada item.
Como se disse acima, significados e equivalências em francês.
O trabalho de Pedra Branca, a par de se constituir no primeiro
do gênero, revela momento da história brasileira em
que buscávamos nossa identidade lingüística mediante
o esforço de diferenciação do português
europeu. Isso se refletiu por essa época e pelas décadas
seguintes no movimento conhecido por "indianismo" - a
adoção do índio como tema literário
-, do qual são expoentes Gonçalves Dias e José
de Alencar.
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