Você sabia... que o sândi é freqüente
causa de alterações fonéticas e morfológicas?
Mas o que é "sândi"? Trata-se de termo
da antiga gramática sanscrítica que designa as
alterações mórficas e fonológicas
causadas pelo contato entre formas
da língua.
O sândi classifica-se em "interno" e "externo".
O primeiro ocorre no interior do vocábulo. Assim, os
semantemas (radicais) cre- (de "crer") e le-
(de "ler") em contato com a desinência verbal
-o provocam o surgimento de um i eufônico
para desfazer o hiato: creio e leio.
O sândi externo verifica-se na justaposição
vocabular - final de uma palavra com o início de outra.
Nas línguas modernas, a grafia não registra o
fenômeno, ao contrário do que acontecia com o sânscrito.
Dessa forma, em "olhos azuis", o /s/ de "olhos"
em contato com o /a/ de "azuis" passa a ficar em posição
intervocálica e, de fonema surdo que é, muda para
sonoro, ou seja, transforma-se em /z/: / luza´zuys/).
O mesmo acontece com "vim aqui" (/vĩ/ + /a´ki/),
que resulta em "vinhaqui" (/viña´ki
) e com "chamem + o" (/´amẽy/
+ /o/), que se converte em "chamem-no" (/´amẽyno/).
O sândi é fenômeno sincrônico, portanto,
metaplasmo.
Entretanto, como as alterações fonéticas
(e também morfológicas) podem perenizar-se com
o correr do tempo, é igualmente estudado pela Gramática
Histórica e tais fatos passam a ser considerados mudanças
fonéticas, eventos diacrônicos.
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