Você sabia? n.º 60 - Sexta, 20.09.2002
www.paulohernandes.pro.br
 
     
 
 

Você sabia... que a paragoge, também chamada epítese, é mudança fonética operada por acréscimo? Mas acréscimo de quê, onde? Trata-se de acréscimo de fonema, geralmente vogal, no final da palavra. Neste caso, é chamada "vogal paragógica de apoio". Isso acontece:

· Por ação da analogia - Dessa forma, ante passou a antes e é também analógico o /s/ em algures, alhures e prestes. Esses vocábulos receberam tal fonema possivelmente por influência de outros advérbios que já o possuíam, como mais e a forma arcaica pos (atual pós). Em falares regionais, principalmente portugueses, aparece vogal paragógica em animale, mare e cantare.
· Com empréstimos lingüísticos - No português, vogais paragógicas, geralmente /e/, são acrescentadas a empréstimos terminados em consoantes - especialmente oclusivas e algumas constritivas -, que, pela índole da língua, não são usuais nessa posição. Assim, temos fr. cognac > conhaque, chic > chique, kiosk > quiosque; ingl. beef > bife, box > boxe, clip > clipe,  club > clube, film > filme, link > linque, stress > estresse; ar. al-fakk > alfaque, al-khaiyat > alfaiate, hashashin > assassino; al. Wermut, pelo fr. vermout ou vermouth > vermute.

Como as demais alterações fonéticas, a paragoge pode também ser fenômeno sincrônico, situação em que é classificada como metaplasmo.


Leia também em:
Do latim ao português, de Edwin B. Williams, § 116.
Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho, § 223.