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Dialetos portugueses
Você sabia... quais são os dialetos do português?
Em Portugal, o português-padrão é o falado
na região que compreende Lisboa e Coimbra. Na verdade,
trata-se de dialeto elevado à condição
de língua nacional, fato que ocorreu também
com outras línguas, como com o dialeto de Ile-de-France,
convertido no francês-padrão, e com o dialeto
toscano, no italiano-padrão. Assim, as demais variedades
lingüísticas portuguesas são consideradas
dialetos. Segundo José Leite de Vasconcellos, eles
podem ser reunidos em três grupos:
1. Continentais, localizados no Portugal continental.
2. Insulanos, falados nas ilhas européias.
3. Ultramarinos, empregados fora do continente europeu.
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1. |
Os dialetos continentais são o interamnense
[Entre-Douro-e-Minho (Douro e Minho são rios portugueses
que desembocam no Atlântico)], o trasmontano
(região de Trás-os-Montes), beirão
(Beira Alta e Beira Baixa) e meridional (sul de Portugal).
Este último subdivide-se em três falares: o alentejano
(no Alentejo), o estremenho (Estremadura) e o algarvio
(no Algarve, extremo Sul). |
2. |
Os insulanos são falados nas ilhas portuguesas pertencentes
ao continente europeu, como o açoriano (Açores)
e o madeirense (Madeira). |
3. |
Os dialetos ultramarinos são utilizados
em outros continentes onde se localizam ex-colônias portuguesas,
como o brasileiro (falado no Brasil) e os dialetos
de Angola e Moçambique. Há outros
dialetos, de gramática bem simplificada e bastante mesclados
com línguas nativas, chamados “crioulos”.
Assim, encontram-se na África os dialetos crioulos de
Cabo Verde, da Guiné, de São Tomé e Príncipe
e de Ano-Bom; na Índia, os de Goa, Damão e Diu;
na China, o de Macau; e outros. |
Há quem se ofenda com a classificação de “dialeto”
dada ao português brasileiro. Na verdade, tal melindre não
se justifica se atentarmos para conceitos da Geografia Lingüística,
notadamente a noção de dialeto. O que significa, para
o especialista, esse termo? Jean Dubois diz que “dialeto
é um sistema de signos e de regras combinatórias da
mesma origem que outro sistema considerado como a língua, mas
que se desenvolveu, apesar de não ter adquirido o status
cultural e social dessa língua, independentemente daquela”
(DUBOIS, 1978:
183-185). Celso Luft afirma ser o dialeto “língua regional
ou variedade regional de uma língua” (LUFT,
1971: 61). Mattoso Camara ensina que “os dialetos são
falares regionais que apresentam entre si coincidência de traços
lingüísticos fundamentais” (MATTOSO
CAMARA JR., 1978: 95). Por conseguinte, o dialeto é variedade
da língua-padrão que apresenta diferenças marcantes
em relação àquela língua, possui literatura
e área definida de abrangência. As diferenças
em relação a tal língua são principalmente
de natureza fonética, lexical e semântica e em menor
medida, morfológica e sintática. Entretanto, essas distinções
não fazem com que se trate de línguas diferentes, já
que os falantes de ambas as modalidades conseguem, com mais ou menos
dificuldade, na dependência do dialeto, comunicar-se. Já
em se tratando de línguas distintas, a comunicação
verbal pode simplesmente ser impossível. É certo que
na atualidade o português brasileiro tem mais prestígio
internacional que o lusitano, mas isso não nos autoriza a dizer
que falamos outra língua. É só lançarmos
os olhos sobre as páginas de qualquer livro editado em Portugal
e veremos que só percebemos se tratar do português europeu
por pequenos detalhes ortográficos ou por uma ou outra palavra
mais empregada por lá. A principal língua falada no
Brasil é, portanto, a portuguesa, em sua variedade brasileira.

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