|
Você sabia... que aférese
é a supressão de fonema no início de vocábulo?
Tal fenômeno ocorreu freqüentemente, mas sem regularidade,
durante a transformação do latim no português.
Assim, temos:
Latim
abadejo (esp.)
acume
attonitu
enojo
episcopu
imaginare |
Português
badejo
gume
tonto
nojo
bispo
maginar (arcaico e regional) |
Em algumas palavras, não apenas a vogal inicial, mas toda
a sílaba se perdeu, como em insania > sanha
e spasmu > espasmo > pasmo.
Caso especial de aférese é a deglutinação,
supressão da vogal “a” ou “o” por
confusão com o artigo. Assim, o falante pensa que a vogal
inicial é artigo e a separa do vocábulo: abbatina
> a batina, apotheca > abodega > a bodega ou a
botica, horologiu > orologio > o relógio. Comprova-se
essa confusão pela mudança de gênero em certos
casos, como em occasione > ocajom > o cajom (arc.).
Às vezes, a confusão é com suposta existência
da preposição “de”, como em (fruta)
damascena > d’amascena > da ameixa.
Como a aférese é tendência da língua,
continua a ocorrer, como em obrigado > brigado e está
> tá. Se considerada do ponto de vista histórico,
é mudança fonética, como em
todos os exemplos dados aqui. Caso se a considere fato sincrônico,
produzido isoladamente em determinado momento, especialmente pelo
escritor, trata-se de metaplasmo, como quando Castro
Alves escreve em “Navio Negreiro”: “’Stamos
em pleno mar...”.
|
|