Você sabia... que os falantes
da língua portuguesa têm tendência histórica
a evitar os proparoxítonos?
Já no latim lusitânico, seguindo a lei
do menor esforço, o povo em geral procurava transformar
as palavras proparoxítonas em paroxítonas,
como nos exemplos abaixo*:
Latim erudito álacre
cáthedram
condúcere
dícere
fácere íntegru
lintéolu
pônere
ténebras
|
Latim vulgar
alácre
cathêdra
conducêre
dicêre
facêre
intêgru
linteólu
ponêre
tenébras |
Português
alegre
cadeira
conduzir
dizer
fazer
inteiro
lençol pôr
trevas |
De dois recursos principais os falantes têm-se valido
para evitar os proparoxítonos: a diástole
e a síncope.
Mediante a diástole, o acento tônico desloca-se
da antepenúltima para a penúltima sílaba,
ou seja, os proparoxítonos tornam-se paroxítonos.
Além dos exemplos acima, aqui vão outros:
Latim erudito
dúbitat
follícare
mulíere
paríete
pôpulat
|
Latim vulgar
dubítat
follicáre
muliére
pariête
popúlat |
Português
duvida
folgar
mulher
parede
povoa |
A síncope também atua nesse processo:
Latim
apícula > apecla
aurícula > orecla
gálicu > galgu
lépore > lebore
mânica > maniga ópera > obera
parícula > parecla
|
Português
abelha
orelha galgo
lebre manga
obra
parelha |
* Os acentos gráficos foram colocados apenas para assinalar
a vogal tônica, já que o latim não possui
acentos. Como é tendência da língua,
o fenômeno continua:
ânodo > anôdo**
cátodo > catôdo**
clítoris > clitóris**
elétrodo > eletrôdo**
espírito > ispríto (popular) **
Eurípedes > Orípes (popular) **
íbero > ibéro**
** Os acentos gráficos destas paroxítonas,
quase todos inexistentes, foram colocados para assinalar a
vogal
tônica.
Há outras causas que contribuem para a transformação
dos proparoxítonos em paroxítonos, que você
pode encontrar na bibliografia recomendada. |