Você sabia? n.º 80 - Sexta, 26.12.2003
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Você sabia... que a reprodução pura e simples de nomes espanhóis, especialmente os escritos com “z”, representa dois problemas? Vejamos quais são.

O primeiro é a incorreção de pronúncia que provoca. A língua espanhola, em sua variedade-padrão, não possui o fonema /z/, ainda que grafe com “z” muitas palavras. Na verdade, essa letra em espanhol representa o fonema /s/. Assim, Curuzu, Zorro, zapoteca, Zapata deveriam, ao entrar na nossa língua, ter sido convenientemente aportuguesados e escritos “Curuçu [Curu(a)çu]”, “Sorro”, “sapoteca” e “Sapata”. Isso porque é assim que se pronuncia em espanhol, com “ss”, já que, como acabamos de dizer, não existe o som “z” no espanhol. Da mesma forma faríamos com as palavras abaixo:
 

Forma original
Aristizábal
Montezuma
zorzal
Zamorano
Zaragoza
zarzuela
Zubizarreta

Forma aportuguesada
Aristiçábal
Monteçuma
sorçal
Samorano
Saragoça
sarçuela
Subiçarreta

Compare algumas palavras espanholas e as correspondentes portuguesas:
Espanhol
abrazo
alcazar
caza
corazón
Gonzalo
Masonería
paso
plaza
raza
taza
zapato
Português
abraço
alcácer
caça
coração
Gonçalo
Maçonaria
passo
praça
raça
taça
sapato

O segundo problema é a infração à norma ortográfica. Nomes estrangeiros – especialmente topônimos – devem, sempre que possível, ceder lugar à forma vernácula ou ser aportuguesados. É por isso que empregamos Atenas em vez de , Filadélfia no lugar de Philadelphia, Londres em vez de London, Madri no lugar de Madrid, Milão em vez de Milano, Moscou em lugar de MOCKBA, Nápoles em vez de Napoli e Nova Iorque no lugar de New York. Em respeito ao citado normativo, formas estrangeiras que contenham o fonema /s/ em posição intervocálica precisarão ser grafadas com “c” (antes de “e” e “i”) e “ç” (antes de “a”, “o” e “u”). Assim ocorre com o guarani Nhu-guaçu, com o árabe Oçama, com o russo Anastácia e com o japonês Oçaca, em vez das grafias importadas “Ñu-guazu”, “Osama”, “Anastasia” (embora a grafia original russa use outro alfabeto) e “Osaka”, pois é aquela representação gráfica que espelha mais fielmente a maneira da qual tais palavras são pronunciadas nas línguas de origem. A sigla Mercosul ficaria melhor “Mercossul” para manter-se a pronúncia do /s/.

Leia mais em:
Saite do prof. Paulo Hernandes, pág. Dica n.º 14.
Saite do prof. Paulo Hernandes, pág. Descubra os erros n.º 12 (Clique em “Vietnam” e “Nova York”.)