Você sabia? n.º 105 - Sexta, 27.01.2006
www.paulohernandes.pro.br
 
     
 
 

Você sabia... o que ocorreu em português com o grupo latino /gn/?

Geralmente, tornou-se /ñ/, como em agnu > anho (cordeiro), cognatu > cunhado, cognoscendu > conhecendo, lignu > lenho, pugnu > punho, signa > senha, tammagnu > tamanho.

A evolução deu-se mediante a seqüência /gn/ > /yn/ > /yñ/ > /ñ/. “Reino” (de regnu) só chegou ao segundo estágio, certamente por influência de “rei”.

Em alguns casos, houve síncope do /g/, a exemplo de insignare > ensinar, signale > sinal, signu > sino.

Em outras ocorrências, houve síncope, mas o /g/ foi restaurado: benignu > benino (arc.) > benigno, dignu > dino (arc.) > digno, malignu > malino (arc.) > maligno. “Signo” é forma erudita. Em Os lusíadas, ainda podemos ver as formas arcaicas, grafadas sem “g”: benino (II, 82:2), dino (I, 22:1), indinado (III, 40:5), malina (I, 99:3). Entretanto, encontramos benignidade em I, 9:5, o que nos faz supor já haver por essa época início do processo de restauração da consoante.

Sobrevive até hoje, no falar nordestino brasileiro, o verbo malinar (fazer travessuras), com certeza vestígio de malino.


Leia mais em:
Do latim ao português, de Edwin B. Williams, § 92, 5.
Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho, § 180.
Os lusíadas, de Luís de Camões.