Você sabia... o que ocorreu
em português com o grupo latino /gn/?
Geralmente, tornou-se /ñ/, como em agnu > anho
(cordeiro), cognatu > cunhado, cognoscendu >
conhecendo, lignu > lenho, pugnu > punho, signa >
senha, tammagnu > tamanho.
A evolução deu-se mediante a seqüência
/gn/ > /yn/ > /yñ/ > /ñ/. “Reino”
(de regnu) só chegou ao segundo estágio,
certamente por influência de “rei”.
Em alguns casos, houve síncope do
/g/, a exemplo de insignare > ensinar, signale >
sinal, signu > sino.
Em outras ocorrências, houve síncope, mas o
/g/ foi restaurado: benignu > benino (arc.) >
benigno, dignu > dino (arc.) > digno, malignu
> malino (arc.) > maligno. “Signo”
é forma erudita. Em Os lusíadas, ainda
podemos ver as formas arcaicas, grafadas sem “g”:
benino (II, 82:2), dino (I, 22:1), indinado
(III, 40:5), malina (I, 99:3). Entretanto, encontramos
benignidade em I, 9:5, o que nos faz supor já
haver por essa época início do processo de restauração
da consoante.
Sobrevive até hoje, no falar nordestino brasileiro,
o verbo malinar (fazer travessuras), com certeza
vestígio de malino.
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