Você sabia... que as preposições
portuguesas provêm todas do latim?
Os falantes do latim popular ou vulgar, que preferiam as
formas analíticas às sintéticas (veja
a respeito Você
sabia? n.º 18), intensificaram o uso das preposições,
o que diminuiu a importância das desinências
que indicavam os diversos casos. Estes, por isso, reduziram-se
a dois – o nominativo e o acusativo – e depois
acabaram desaparecendo.
Assim, enquanto em latim erudito ou clássico escrevia-se
liber Petri (livro de Pedro), no popular dizia-se
libro de Petro. Vemos, portanto,
o crescente papel que as preposições exerceram
no latim, fato que continuou nas línguas românicas.
Fator de enriquecimento dessa categoria morfológica
em nossa língua é o emprego de outras classes
de palavras, como adjetivos e mesmo formas nominais de verbos,
com valor prepositivo. Dessa forma, adjetivos funcionam como
preposições, a exemplo de segundo e
conforme. Particípios também ajudam,
como salvo, exceto e junto. O antigo
particípio presente forneceu tirante, passante,
mediante e durante.
No latim, era comum combinarem-se preposições
em formas compostas, o que também ocorre em português,
como por exemplo até a, locução
prepositiva formada pelas preposições “até”
e “a”. Constituídas de substantivos ou
advérbios e de preposições, essas locuções
são numerosas, como além de, à maneira
de, antes de, ao lado de, ao modo de, a par de, aquém
de, debaixo de, dentro de, dentro em, depois de, devido a,
em cima de, em presença de, em vez de, fora de, junto
a, junto de, etc. Repare que todas essas formas compostas
terminam por preposição, o que as distingue
das locuções
adverbiais.
A maior parte das preposições latinas chegaram
até nós e, com mais ou menos alterações
fonéticas, ainda estão em uso. Vejamo-las e
sua origem:
a < ad
ante < ante
após < ad post
até < ad *tenes
com < cum |
contra < contra
de < de
desde < de ex de
em < in
entre < inter |
para < per ad
per < per
perante < per
ante
por < pro |
sem < sine
sob < so < sob
sobre < super
trás < trans |
* Tenes – Forma hipotética:
supõe-se tenha existido, embora ainda inexistam
documentos comprobatórios.
Nesse quadro, encontram-se apenas as preposições
ditas “essenciais”, isto é, as que poderíamos
chamar de “legítimas”. Isto porque, como
já vimos, exemplares de outras classes de palavras
podem atuar como preposição, a exemplo de conforme,
consoante, exceto, fora, mediante, menos, segundo, etc.
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