Você sabe... o que ocorreu
com o fonema inicial /v/ na passagem do latim para o português?
Essa consoante originou-se da semivogal /w/. A substituição
de /w/ por /v/ deu-se nos primeiros séculos da era
cristã e pode ter tido influência provençal.
A grafia “v” só aparece em textos latinos
a partir do Renascimento português.
Em posição inicial, esse fonema permaneceu
em muitos casos, como em ualle > vale, uidere >
ver, uinu > vinho, uite > vide, uicinu > vizinho,
ueritate > verdade.
A alternância “v/b” ocorre desde os primórdios
da língua. Algumas vezes, houve troca em posição
inicial: uagina > bainha, uessica > bexiga, uotu
> bodo. Em posição medial, a vacilação
também transformou /v/ em /b/: auetarda > abetarda
ou batarda, aue sthrutio > abestruz (avestruz).
Essa flutuação ocorre até hoje: assobiar/assoviar,
varrer/barrer (popular), vassoura/bassora (pop.),
travesseiro/trabissero (pop.).
Às vezes, provavelmente por influência germânica,
/v/ passa a /g/: uastare > gastar, uomitare > gumitar
(pop.), uiticula > guedelha (ou gadelha).
Pode acontecer também de /v/ passar a /f/: uehementia
> femença (arcaico). A evolução
ueruculu > ferrolho deveu-se à influência
de “ferro”.
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