Você sabia? n.º 110 - Sexta, 30.06.2006
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Você sabia... que os índios do litoral brasileiro, os primeiros encontrados pelos portugueses, falavam línguas do tronco tupi?

Pois é isso mesmo. Essas línguas eram o tupinambá, tupiniquim, guarani e outras, todas elas aparentadas. Os padres jesuítas que aqui chegaram com os primeiros colonizadores, estudiosos e cultos que eram, decidiram elaborar gramática que descrevesse um idioma indígena de forma a sintetizar aquelas línguas. Tal providência tinha caráter prático, pois os missionários necessitavam comunicar-se com os nativos, que desejavam catequizar. Para isso, seguiram o modelo latino, o que resultou na chamada “língua geral”, que acabou prevalecendo sobre as línguas naturais.

Foi essa língua, “produzida no laboratório jesuíta”, que os religiosos ensinaram nas escolas, ao lado do português, o que reforçava o uso da língua local. Além disso, a maioria dos portugueses que aqui chegavam casavam-se com índias, que se comunicavam com os filhos em sua própria língua. Dessa forma, até o século XVIII, 75% da população brasileira expressava-se na língua geral indígena, o nheengatu, abanheém ou avanheém. Somente depois da expulsão dos jesuítas e do decreto do Marquês de Pombal – o todo-poderoso primeiro-ministro do rei dom José I – que tornou obrigatório no Brasil o uso do português (1750) é que o idioma do colonizador firma-se e aí infelizmente perdemos a oportunidade de ser país bilíngüe.

O nheengatu ainda sobrevive em algumas áreas do norte do Brasil, falado pelos caboclos da Amazônia.

“O nheengatu resiste ‘entre a cidade de Manaus e as malocas do Alto Rio Negro, numa área aproximada de 300.000 km² (...) o nheengatu é o instrumento de comunicação usual da população que aí reside e a língua de comércio’”(Bessa Freire, 1983:73, citado por Gilvan Müller de Oliveira em seu trabalho Monolingüismo e preconceito lingüístico, acessível no endereço http://www.ipol.org.br/ler.php?cod=92).


Leia mais em:
Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho, § 592.
Monolingüismo e preconceito lingüístico, de Gilvan Müller de Oliveira.
Saite do prof. Paulo Hernandes, pág. Você sabia? n.º 47.