Você sabia... que os índios
do litoral brasileiro, os primeiros encontrados pelos portugueses,
falavam línguas do tronco tupi?
Pois é isso mesmo. Essas línguas eram o tupinambá,
tupiniquim, guarani e outras, todas elas aparentadas. Os padres
jesuítas que aqui chegaram com os primeiros colonizadores,
estudiosos e cultos que eram, decidiram elaborar gramática
que descrevesse um idioma indígena de forma a sintetizar
aquelas línguas. Tal providência tinha caráter
prático, pois os missionários necessitavam comunicar-se
com os nativos, que desejavam catequizar. Para isso, seguiram
o modelo latino, o que resultou na chamada “língua
geral”, que acabou prevalecendo sobre as línguas
naturais.
Foi essa língua, “produzida no laboratório
jesuíta”, que os religiosos ensinaram nas escolas,
ao lado do português, o que reforçava o uso da
língua local. Além disso, a maioria dos portugueses
que aqui chegavam casavam-se com índias, que se comunicavam
com os filhos em sua própria língua. Dessa forma,
até o século XVIII, 75% da população
brasileira expressava-se na língua geral indígena,
o nheengatu, abanheém ou avanheém.
Somente depois da expulsão dos jesuítas e do
decreto do Marquês de Pombal – o todo-poderoso
primeiro-ministro do rei dom José I – que tornou
obrigatório no Brasil o uso do português (1750)
é que o idioma do colonizador firma-se e aí
infelizmente perdemos a oportunidade de ser país bilíngüe.
O nheengatu ainda sobrevive em algumas áreas
do norte do Brasil, falado pelos caboclos da Amazônia.
“O
nheengatu resiste ‘entre a cidade de Manaus e as malocas
do Alto Rio Negro, numa área aproximada de 300.000
km² (...) o nheengatu é o instrumento de comunicação
usual da população que aí reside e
a língua de comércio’”(Bessa Freire,
1983:73, citado por Gilvan Müller de Oliveira em seu
trabalho Monolingüismo e preconceito lingüístico,
acessível no endereço http://www.ipol.org.br/ler.php?cod=92).
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