Você sabe... qual é
a causa da presença da terminação “-a”
em substantivos comuns masculinos em português?
Como é do conhecimento dos que estudam a língua,
o “a” é morfema, mais especificamente,
desinência que indica o gênero
feminino de nomes em geral: “a bondosa
senhora”, “esta bonita
menina”, “minha esposa”.
Por isso, a maioria dos substantivos terminados em “a”
pertencem ao gênero feminino.
Esses nomes geralmente provêm da primeira declinação
latina, onde a forma fônica geral terminava em “-a”
no acusativo do latim vulgar (no latim erudito,
terminava em “-m”), caso de onde se origina a
maioria das palavras portuguesas. Como exemplos, temos lat.
rosa, port. “rosa”;
lat. arena, port. “areia”;
lat. agricola, port. ”agrícola”;
lat. luna, port. ”Lua”;
lat. vacca, port. ”vaca”,
etc.
Entretanto, há palavras com essa mesma terminação
pertencentes ao gênero masculino. A maior parte delas
é de origem grega, como “cinema”
(este cinema), “clima” (aquele
clima), “coma” (ele saiu do coma),
“dilema” (meu dilema), “panorama”
(belo panorama) e muitas outras, como “anacoreta”,
“anátema”, “cometa”,
“eczema“, “epigrama”,
“grama” (unidade de peso e seus
compostos, como “quilograma” e “miligrama”),
“planeta”, “poema”,
“telefonema”, “teorema”,
“trema”, “zeugma”
(que também pode ser feminina), etc.
No latim erudito, dies (dia); acusativo, diem
era feminina, mas em certos contextos também podia
ser masculina, gênero pelo qual passou ao português
através do latim popular dia.
Há alguns nomes masculinos originados do tupi-guarani
e de línguas africanas e orientais (hebraico e sânscrito,
por exemplo) igualmente terminados em “-a”, como
“carma”, “fubá”, “gambá”,
“indaiá”, “jacá”, “jacarandá”,
“jatobá”, "Jeová", “maná”,
“maracujá”, “xará”,
etc.
O fato de ser “-a” a terminação
geral do feminino em português faz com que, na fala
popular, haja vacilação quanto ao gênero
de palavras masculinas assim terminadas, a exemplo de “telefonema”,
que alguns utilizam como feminina.
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