Você sabia? n.º 120 - Segunda, 04.06.2007
www.paulohernandes.pro.br
 
     
 
 

Você sabe... qual é a causa da presença da terminação “-a” em substantivos comuns masculinos em português?

Como é do conhecimento dos que estudam a língua, o “a” é morfema, mais especificamente, desinência que indica o gênero feminino de nomes em geral: “a bondosa senhora”, “esta bonita menina”, “minha esposa”. Por isso, a maioria dos substantivos terminados em “a” pertencem ao gênero feminino.

Esses nomes geralmente provêm da primeira declinação latina, onde a forma fônica geral terminava em “-a” no acusativo do latim vulgar (no latim erudito, terminava em “-m”), caso de onde se origina a maioria das palavras portuguesas. Como exemplos, temos lat. rosa, port. “rosa”; lat. arena, port. “areia”; lat. agricola, port. ”agrícola”; lat. luna, port. ”Lua”; lat. vacca, port. ”vaca”, etc.

Entretanto, há palavras com essa mesma terminação pertencentes ao gênero masculino. A maior parte delas é de origem grega, como “cinema” (este cinema), “clima” (aquele clima), “coma” (ele saiu do coma), “dilema” (meu dilema), “panorama” (belo panorama) e muitas outras, como “anacoreta”, “anátema”, “cometa”, “eczema“, “epigrama”, “grama” (unidade de peso e seus compostos, como “quilograma” e “miligrama”), “planeta”, “poema”, “telefonema”, “teorema”, “trema”, “zeugma” (que também pode ser feminina), etc.

No latim erudito, dies (dia); acusativo, diem era feminina, mas em certos contextos também podia ser masculina, gênero pelo qual passou ao português através do latim popular dia.

Há alguns nomes masculinos originados do tupi-guarani e de línguas africanas e orientais (hebraico e sânscrito, por exemplo) igualmente terminados em “-a”, como “carma”, “fubá”, “gambá”, “indaiá”, “jacá”, “jacarandá”, “jatobá”, "Jeová", “maná”, “maracujá”, “xará”, etc.

O fato de ser “-a” a terminação geral do feminino em português faz com que, na fala popular, haja vacilação quanto ao gênero de palavras masculinas assim terminadas, a exemplo de “telefonema”, que alguns utilizam como feminina.


Leia mais em:
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 186.