Você sabia? n.º 113 - Sexta, 29.09.2006
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Você sabe quais são as causas da ditongação? Vamos a elas:

  • Síncope de consoante intervocálica – Em muitas palavras, ao longo do tempo, houve síncope de consoante intervocálica e a queda deixou as duas vogais formando hiato. No geral, os falantes da língua portuguesa preferem evitá-lo e usam alguns recursos para isso. (Para saber mais a respeito, clique aqui.). Um deles é a intercalação de semivogal epentética, o que faz surgir ditongo. Assim foi em arena > area > areia, cena > cea > ceia, credo> creo > creio, fœdu > feo > feio, tela > tea > teia. O fenômeno continua: observe como os nomes Lea e Andrea são costumeiramente pronunciados: Léia e Andréia (/’lya/ e /ã’drya/).
  • Oclusão – Outras vezes, houve ditongação pela transformação do hiato em ditongo por oclusão, como em amades > amaes > amais, cœlu > ceo > céu, malu > mao > mau, padre > pae > pai, velu > veo > véu. O processo ainda segue: fio, pronunciado "fiu" (/fiw/), e coalhada, pronunciado "cualhada" (/kwa'ada/).
  • Vocalização – Para desfazer-se de grupo consonantal incômodo (lei do menor esforço), o falante português em alguns casos substituiu consoante por semivogal: absentia > ausência, factu > faito > feito, lacte > laite > leite, nocte > noite, regnu > reino.
  • Metátese – O deslocamento de fonema vocálico provoca a substituição de vogal por semivogal, como em capio > caibo, esfameado > esfamiado > esfaimado, librariu > livreiro, primariu > * primairu > primeiro, rabia > raiva. O fenômeno continua: tábua > tauba (pop.).
  • Acréscimo de semivogal a vogal nasal – Isso ocorreu a partir de formas do português arcaico, como em dan > dão, enton > então, pan > pão, razon > razão, vam > vão.
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    * Forma hipotética: acredita-se tenha existido, mas ainda não foram encontrados documentos comprobatórios.

Leia mais em:
Do latim ao português sem dicionário, de Nelson Attílio Ubiali, p. 90.
Gramática histórica, de Dolores Carvalho e Manoel Nascimento, capítulo “Ditongos – Causas da ditongação”.
Gramática histórica, de Ismael de Lima Coutinho, § 154.