Você sabia? n.º 121 - Sexta, 29.06.2007
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Você sabia... que a existência de vogais pretônicas abertas no português do Brasil configura regionalismo? Pois é...

Mas o que são mesmo vogais pretônicas? São as que, na palavra, posicionam-se antes da vogal tônica. Assim, em “cabelo”, a vogal tônica é /e/. Por conseguinte, /a/ é pretônica. Lembremo-nos de que muitas vezes, na história da língua, as vogais pretônicas caíram, isto é, sofreram síncope na passagem do latim para o português, como em delicatu > delgado, honorare > honrar e laborare > lavrar.

Mas voltemos ao que interessa a esta página: a abertura das vogais pretônicas no português brasileiro. Na maior parte do nosso território, as pretônicas são fechadas e assim temos “peludo” (ê), “gelado” (ê), “pomar” (ô), “corado” (ô), etc. É de notar que palavras primitivas que têm vogal tônica aberta produzem, no Centro-Sul, vocábulos derivados em que surge vogal pretônica fechada na mesma posição em que antes havia aberta. Assim, “forma” (ó), mas “formoso” (ô).

Entretanto, há regiões, especialmente a nordeste, em que há tendência generalizada para a abertura das pretônicas, fenômeno que configura regionalismo. Desse modo, é muito comum, entre os falantes nordestinos, pronúncias como “feliz” (é), “telefone” (é, é), “coração” (ó), “co-irmã” (ó), etc.

Observemos que em boa parte do País, por influência das tônicas, certos fones vogais são muitas vezes substituídos por outros, como em menino > minino, perigo > pirigo, colégio > culégio, polícia > pulícia, etc.

É bom ficar claro que as diferentes pronúncias regionais, quer das pretônicas, quer das tônicas (como pêgo/pégo, pôça/póça, sapê/sapé) e mesmo das consoantes são todas perfeitamente válidas e espelham a diversidade dos falares brasileiros.


Leia também em:
A língua do Brasil, de Gladstone Chaves de Melo, p. 122.
Estrutura da língua portuguesa, de Joaquim Mattoso Camara Jr., pp. 33-34.
Saite do prof. Paulo Hernandes, seção Você sabia? n.º 25.