Você sabia... que a existência
de vogais pretônicas abertas no português do Brasil
configura regionalismo? Pois é...
Mas o que são mesmo vogais pretônicas? São
as que, na palavra, posicionam-se antes da vogal tônica.
Assim, em “cabelo”, a
vogal tônica é /e/. Por conseguinte, /a/ é
pretônica. Lembremo-nos de que muitas vezes, na história
da língua, as vogais pretônicas caíram,
isto é, sofreram síncope
na passagem do latim para o português, como em delicatu
> delgado, honorare > honrar e
laborare > lavrar.
Mas voltemos ao que interessa a esta página: a abertura
das vogais pretônicas no português brasileiro.
Na maior parte do nosso território, as pretônicas
são fechadas e assim temos “peludo” (ê),
“gelado” (ê), “pomar” (ô),
“corado” (ô), etc. É de notar que
palavras primitivas que têm vogal tônica aberta
produzem, no Centro-Sul, vocábulos derivados em que
surge vogal pretônica fechada na mesma posição
em que antes havia aberta. Assim, “forma”
(ó), mas “formoso” (ô).
Entretanto, há regiões, especialmente a nordeste,
em que há tendência generalizada para a abertura
das pretônicas, fenômeno que configura regionalismo.
Desse modo, é muito comum, entre os falantes nordestinos,
pronúncias como “feliz” (é), “telefone”
(é, é), “coração”
(ó), “co-irmã” (ó), etc.
Observemos que em boa parte do País, por influência
das tônicas, certos fones vogais são
muitas vezes substituídos por outros, como em menino
> minino, perigo >
pirigo, colégio >
culégio, polícia
> pulícia, etc.
É bom ficar claro que as diferentes pronúncias
regionais, quer das pretônicas, quer das tônicas
(como pêgo/pégo, pôça/póça,
sapê/sapé) e mesmo das consoantes são
todas perfeitamente válidas e espelham a diversidade
dos falares brasileiros.
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